Aos domingos e feriados, a partir de 1° de maio, os usuários de transportes coletivos da empresa Sideral não vão mais poder contar com os serviços dos ônibus. O aviso está afixado nas janelas de alguns veículos desde ontem, 27, e a notícia foi confirmada pelo gerente da empresa, Célio Carvalho.
O gerente explica que o motivo da suspensão das linhas é devido à falta de fiscalização contra os clandestinos. “Como não tem fiscalização, os clandestinos tomam de conta, e não sobra mais nada para os ônibus, a não ser os passageiros gratuitos. Para nós, isso é inviável e injusto. Não estamos fazendo isso para prejudicar a população, isso não é o que queríamos, mas também será como uma forma de contenção de despesas. Somos uma empresa, temos que ter o retorno financeiro”, afirmou Célio Carlos.
Segundo o gerente, nos feriados e domingos, os ônibus circulam apenas com 20% dos usuários que costuma levar durante a semana. “Ultimamente estamos com apenas um carro em cada linha aos domingos e feriados, então colocamos o aviso com antecedência, para ninguém ser pego de surpresa”, continuou.
Na opinião do gerente, trata-se da decadência do transporte público em Mossoró. “Normalmente temos 40% dos usuários de gratuidade, que são os que os táxis de lotação e os clandestinos não levam. Nos domingos e feriados, eles já sabem os horários que os ônibus passam e pegam os passageiros primeiro, mas já que oferecem o mesmo serviço, por que não levam os idosos?”, questionou.
Quando a empresa Sideral começou a circular em Mossoró, segundo Célio Carvalho, eram 23 ônibus, hoje são 14 nas linhas e dois reservas. “A outra empresa só possui seis carros circulando. No final de 2013, nós investimos um milhão de reais para a compra de cinco carros com dois anos de uso e manutenção dos que tínhamos, mas para esses carros rodarem, temos que ter segurança em todos os sentidos, inclusive financeira. Se tivesse fiscalização, tinham usuários”, acrescentou.
Sobre a inclusão de novos ônibus nas linhas em Mossoró, anunciada pelo prefeito Francisco José Júnior na sexta-feira passada, o gerente afirmou desconhecer o assunto.
Reclamações
Quem não ficou satisfeito com a informação da não circulação dos ônibus foram os usuários. O estudante Digson Felipe diz que às vezes precisa dos ônibus nos finais de semana. “Como não terá mais, vou depender do favor de amigos, ou vou ter que gastar mais com mototáxi. Acredito que seja um prejuízo não só para mim, mas para muita gente”, disse.
O estudante Talisson Diego afirmou que conhece pessoas que pegam ônibus nos finais de semana para trabalhar, para ir à igreja e também para passeios. “Eu utilizo o ônibus nos finais de semana para ir à casa da minha namorada, mas conheço pessoas que precisam para trabalhar. Será muito ruim”, afirmou.
A estudante Rakely Ribeiro questionou sobre os direitos dos cidadãos da cidade. “Cadê a mobilidade urbana neste caso? Tenho colegas que moram no Sumaré e trabalham no Shopping, como eles vão fazer? Se durante a semana o serviço já é falho, como será então sem ele? Isso não faz sentido. Nota zero para a mobilidade urbana”, disse.
Fiscalização
O responsável pelo departamento de fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB), Marcondes da Silva, afirmou que recebeu ontem o ofício da empresa Sideral, informando a suspensão dos serviços aos domingos e feriados, mas acredita que o motivo seja porque a maioria das pessoas está se deslocando de táxi nos finais de semana.
Ele destacou a Operação Legalidade, realizada pela Semob todos os dias, inclusive finais de semana, com intuito combater a ação dos clandestinos, sejam táxis ou mototáxis. “A ação é feita através de blitz todos os dias, mas ninguém denuncia nos finais de semana a ação dos clandestinos, a demanda é mínima tanto para legalizados, quando para clandestinos. Acredito que seja uma desculpa da empresa, pois sabem que daqui a pouco outra empresa vai passar a circular na cidade, o que querem é nos colocar contra a parede”, afirmou Marcondes da Silva.
Segundo ele, as empresas que circulam em Mossoró estavam cientes da licitação para novos ônibus circularem, mas que elas não tiveram condições de assumir essa responsabilidade. “Nosso objetivo é oferecer um transporte coletivo que funcione e que ofereça conforto aos passageiros”, concluiu.
Via Gazeta do Oeste
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