Foto: Wilson Moreno |
Os motoristas dos ônibus que fazem o transporte coletivo municipal paralisaram suas atividades ontem, 15, em protesto por falta de pagamento. Os funcionários chegaram cedo ao local onde os veículos ficam estacionados, mas permaneceram do lado de fora da garagem e não entraram para trabalhar. A intenção dos profissionais é retomar as atividades apenas quando o pagamento for realizado.
Até a tarde de ontem o serviço ainda não havia sido retomado e, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Mossoró, Francisco de Assis de Medeiros, hoje os motoristas devem manter a paralisação. “Nós não vamos sair não, só vamos sair com dinheiro”, avisa.
Segundo ele, a parada não se trata de uma greve, apenas de uma paralisação até que o pagamento seja realizado. Ele informa que o pagamento deveria ter sido realizado na sexta-feira, 11, mas ficou para a segunda-feira, 14, e, mesmo com a prorrogação, não foi realizado. Os trabalhadores foram informados de que o pagamento seria feito na próxima segunda-feira, 21, então os motoristas resolveram parar.
Segundo o sindicato, no mês passado o pagamento atrasou, mas foi pago. Este mês voltou a atrasar. Francisco de Assis ressalta que se fosse greve, a paralisação deveria ter sido comunicada com 72h de antecedência e 30% dos motoristas deveriam permanecer trabalhando.
“A gente só avisou ontem. Era para ter sido pago desde sexta-feira, ficou para segunda e agora para outra segunda. Não é greve. Estamos parados esperando o pagamento”, ressalta Francisco de Assis. “São três quinzenas atrasadas. A convenção manda pagar por quinzena. eles atrasaram mês passado, a gente aguentou”, acrescenta.
Atraso no pagamento dos motoristas, prejuízos para os usuários, que têm que buscar alternativas, muitas vezes menos viáveis economicamente, para chegarem aos seus destinos. Ontem à tarde, as paradas de ônibus estavam menos movimentadas, os passageiros que ainda estavam nos pontos aguardavam pelos taxistas que fazem lotação.
Foto Alcivan Costa |
Foi o caso da estudante Jarline de Oliveira, que utiliza, diariamente, o transporte coletivo para se deslocar entre os bairros Nova Vida e Abolição. “Hoje [ontem] de manhã eu fui no carro de linha, porque não teve transporte”, disse. Jarline conta que, ao invés de pagar R$ 1,00 pela passagem teve que desembolsar R$ 4,00 para chegar ao seu destino.
O apontador de campo Thiago Solifranklin foi pego de surpresa. Ele costuma se deslocar para o trabalho de moto, mas recentemente está utilizando o transporte coletivo porque está com a mão machucada. Ontem também teve que recorrer a um táxi-lotação,
“Hoje [ontem] de manhã eu precisei e quando cheguei na parada, soube da notícia”, contou o jovem, que passou R$ 3,00 pela passagem.
Com relação aos motoristas dos ônibus, Francisco de Assis de Medeiros conta também que os profissionais que trabalharam pela Sideral ainda não receberam o pagamento do último mês.
Sindicato e motoristas dizem ainda que nas últimas semanas cerca de cinco ônibus foram retirados de circulação, a linha do Santo Antônio foi cortada e dez motoristas foram demitidos. Um dos profissionais informa que havia 21 veículos circulando nos últimos dias. “São os estudantes que sustentam o transporte público de Mossoró”, acrescenta Francisco de Assis.
Um dos motoristas diz que foi despedido há mais de 20 dias e até agora não sabe quando receberá o pagamento. Outro profissional, também demitido recentemente pela empresa não tem certeza se sua carteira e as dos seus colegas foram assinadas. “Todos os dias estou aqui e não me dão nem valor”, diz.
O proprietário da empresa Ocimar Transportes, José Lenildo de Lima, diz que está tendo prejuízo e que precisará aumentar a tarifa da passagem para, pelo menos, conseguir manter salários dos funcionários e custos operacionais do serviço. Sobre a retirada de ônibus e linhas, Lima nega que isso tenha ocorrido e diz que o número da frota é a mesma e que houve mudanças em algumas linhas e itinerários.
Sindicato teme possibilidade de aumento no valor da passagem
Foto: Wilson Moreno |
Os motoristas dos ônibus que fazem o transporte coletivo são contra o aumento de passagem, por acreditar que isso afastará ainda mais os passageiros, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Mossoró, Francisco de Assis de Medeiros.
No entanto, o proprietário da empresa, José Lenildo de Lima, afirma que a demanda informada no contrato é de nove mil passageiros por dia. Porém, a realidade é que a quantidade não chega a sete mil. “Não vem ofertando nem 7 mil. Não cobre o custo operacional”, avisa.
Segundo Lima, o custo para manter o serviço é de R$ 600 mil, mas a receita tem sido de R$ 240 mil, um déficit de mais de R$ 300 mil. Dessa forma, o proprietário da empresa afirma que não tem como pagar os motoristas em dia.
Ele ressalta que pretende normalizar o serviço o mais breve possível, porém, isso também vai depender do aumento de tarifa. Para isso, deve ser feito um acordo entre empresa, Prefeitura e Secretaria de Mobilidade Urbana. “O ideal seria R$ 3,50 para empatar, não é para ter lucro”, diz.
Prefeitura emite nota sobre paralisação dos motoristas de ônibus
Foto: Wilson Moreno |
De acordo com informações da assessoria de comunicação da Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOB), na manhã de ontem, o responsável pela pasta, Charlejandro Rustayne, foi ao local conversar com os motoristas. À tarde, a Prefeitura emitiu uma nota sobre o assunto.
“A Prefeitura de Mossoró esclarece que o transporte coletivo municipal é uma concessão pública e está funcionando em caráter emergencial. O período de contrato da Prefeitura com a empresa BR Buss é de 180 dias. Paralelamente, o Município já realiza processo licitatório a fim de regularizar definitivamente o transporte público na cidade. A prefeitura, assim como a população, foi pega de surpresa pela não-circulação dos ônibus e, devido ao não cumprimento pela empresa do estabelecido em contrato, a BR Buss será notificada. No que diz respeito às responsabilidades da Prefeitura, todos os esforços estão sendo feitos para regularizar a mobilidade urbana no Município. Informamos ainda que o contrato emergencial entre Prefeitura e BR Buss não estabelece nenhum acordo para que a Prefeitura repasse algum subsídio para custeio à empresa”, diz o texto.
Gazeta do Oeste
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