quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Mossoró: Transporte público opera com frota reduzida

Devido ao descumprimento do acordo salarial, alguns motoristas da empresa Ocimar Transportes não tiraram os ônibus da garagem na manhã desta quarta-feira (23) em Mossoró, o que provocou a redução da frota que circulou no município. A empresa assumiu, junto aos funcionários, que pagaria os salários atrasados na tarde desta terça-feira (22), quando eles paralisaram as suas atividades no dia 15 de setembro.

Ainda na tarde de terça-feira (22), alguns motoristas chegaram a pedir demissão de seus cargos, e na manhã de ontem, como não compareceram às atividades, outros funcionários foram demitidos. Com o déficit de funcionários, a frota operou durante todo o dia desta quarta com uma quantidade de ônibus menor do que o habitual, o que provocou problemas aos usuários.

A dona de casa Antônia Neide disse que chega a esperar quase duas horas pelo ônibus que a leva para o bairro Sumaré. “Teve um dia que eu cheguei na parada aqui do Centro às 16h e só cheguei em casa quase 20h. Além de ficar esperando quase duas horas na parada, o ônibus que eu pego roda muito até chegar no meu bairro mesmo”, afirmou.

Outro ponto destacado pela dona de casa é a falta de ônibus para atender aos usuários do bairro Sumaré. Segundo ela, a quantidade existente é bem menor do que a necessitada. “Quando colocaram essa frota nova, havia dois ônibus para o meu bairro e agora só tem um. Aí a gente fica esperando muito tempo para pegar um ônibus nessas paradas que não têm segurança de nada. É um risco para a vida da gente”, complementou Antônia Neide.

A situação do transporte público de Mossoró vai de mal a pior. Além da redução do número de ônibus circulando, a empresa mencionou a intenção de aumentar o valor da passagem, que atualmente é de R$ 2,00, para R$ 3,25. A ideia não agradou à população de Mossoró, que necessita do transporte público para se locomover.

“Eu acho um absurdo aumentar o valor da passagem assim. A diferença é de R$ 1,25 para cada ônibus que eu pegar. É um aumento muito grande de uma só vez. Acho que os donos dessa empresa devem procurar outras soluções para diminuir os prejuízos, ao invés de passar essa conta para os usuários”, disse a estudante Maria Alice Silva.

A crise no transporte público de Mossoró foi iniciada no dia 15 de setembro, quando os motoristas da empresa Ocimar Transportes pararam suas atividades durante todo o dia, por não terem recebido os seus pagamentos. Na ocasião, a empresa acordou com os funcionários que, se eles voltassem aos trabalhos, o salário atrasado seria pago nesta terça-feira (21). A empresa não cumpriu o acordo e, mais uma vez, os usuários foram prejudicados.

Francisco de Assis Medeiros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Mossoró (SINTROM), relatou que 10 motoristas já pediram demissão à direção da empresa. Esses funcionários iriam à sede do sindicato, acompanhados de um advogado, para definir a situação na empresa, pois entendem que não há mais possibilidade de manter suas funções sem receber os salários.

“Inclusive, dez motoristas já pediram as contas porque não aguentam mais essa situação dentro da empresa. Os motoristas não estão vendo mais uma solução para esse impasse e decidiram sair da empresa”, informou Francisco de Assis.

Ainda segundo o presidente do sindicato, a empresa Ocimar Transportes teria dado um novo prazo para os funcionários (o pagamento deverá ser feito hoje, 24, segundo a empresa), mas informa que os motoristas não aceitaram por não acreditarem mais na direção da empresa. “A empresa informou que o pagamento sairia na quinta (hoje), mas os motoristas não estão mais acreditando. Até ontem (terça), a empresa só devolveu as carteiras dos trabalhadores e não efetuou o pagamento. Me desculpe a comparação, mas a gente não quer uma outra Sideral aqui em Mossoró”, finalizou o presidente do Sintrom.

Os motoristas que não saíram às ruas ficaram aglomerados na frente da sede do sindicato e reivindicaram o pagamento das três quinzenas de salários atrasados. Vários motoristas não estão mais aceitando as condições da empresa, como por exemplo o novo prazo para o pagamento da remuneração.

Somente as linhas que dão mais lucro à empresa, como no caso dos bairros Abolições, Vingt Rosado e Nova Vida, foram mantidas, mesmo em número de veículos reduzido. Francisco de Assis informou que no próximo dia 29 haverá uma audiência no Ministério Público do Trabalho sobre esse impasse dos motoristas e empresa.

DeFato

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