
O levantamento também foi feito pelo Ônibus Coletivo de Natal, grupo que reúne especialista em transportes local no Facebook, e também aponta que semelhante a Natal, todas as empresas possuem veículos de segunda mão.
As duas maiores operadoras de linhas entre cidades vizinhas e Natal, Trampolim da Vitória e Expresso Oceano, têm feito boa parte de suas renovações com ônibus usados. Ambas foram vendidas a grupos pernambucanos que também comandam empresas em Natal. Em 2009, a Trampolim vendeu 60% de suas ações para as empresas Itamaracá e Cidade Alta, de Pernambuco. A venda abriu caminho para a entrada do grupo acionista chegar a Natal (onde comprou a Conceição), e posteriormente, também teria feito uma parceria administrativa com a Barros, passando a administrá-la e também locá-la com veículos usados.
Já a Expresso Oceano, desmembrada da empresa Transportes Guanabara entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000, com o intuito de operar exclusivamente as linhas metropolitanas, historicamente nunca teve tanta atenção nas renovações, na maioria das vezes, ficando com os carros “restantes” da Guanabara. Com a venda da Guanabara para a pernambucana Empresa Metropolitana, também de Pernambuco, a Oceano foi no pacote, e de lá pra cá, os ônibus usados passaram a imperar ainda mais na empresa.
Logo após a venda da Oceano, Trampolim e Barros (a considerar: parceria administrativa, e não venda), os grupos compradores trouxeram os veículos usados também como forma de melhorar a idade média – mesmo disfarce feito com a frota de Natal.
A empresa Oceano, por exemplo, até ser vendida, em 2011, ainda tinha veículos do modelo Vitória e Alpha em sua frota ativa – carros fabricados entre 1994 e 1996. Para disfarçar o cenário, veículos do ano 2003, vindos de Recife, passaram a fazer parte da frota, mas permanecem até hoje. Atualmente, a frota mais velha começa a ser substituída, novamente por mais usados, desta vez veículos 2008.
Oceano precisou tirar veículos arcaicos de operação, trocando-os por usados de Recife
Em 2011, a Guanabara recebeu 60 carros zero quilômetro na sua renovação. A Oceano não recebeu veículo algum novo.
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Na renovação com carros novos de 2011, Oceano ficou "chupando o dedo" |
Apesar de pertencer a um grupo operacional diferente do responsável pela Oceano, na Barros, a reformulação da frota após a parceria administrativa, seguiu seus moldes. A Itamaracá sempre se mostrou mais disposta a um bom serviço público, inovando em diversas subáreas de atuação, ainda em Pernambuco, e implementando novos serviços aqui – o que diferencia da Oceano, empresa que segue um modelo conservador de operação adotado pela Guanabara, que por sua vez segue a maioria das empresas de Natal, sem considerar potenciais melhorias nem disponibilidade em ouvir os clientes.
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Na Barros, veículo zero quilômetro é raridade |
A renovação contou com veículos usados de Recife, e ainda usados da Trampolim – que também já haviam vindo de Recife. Tecnicamente, são veículos de terceira mão. As maiores críticas feitas pelos usuários e especialistas está na tarifa cobrada pela empresa (apesar de determinada pelo órgão gestor, neste caso, o DER – Departamento de Estradas e Rodagens). É cobrado muito para um serviço de qualidade ruim.
Por exemplo, o veículo modelo Spectrum, veio usado do Rio de Janeiro, comprado pela Trampolim da Vitória. Atualmente, está na Barros. Mesmo caso do modelo Svelto, modificando apenas o estado original: ele veio de Pernambuco.

Considerando a organização e o reconhecido bom serviço prestado, a renovação da Trampolim intercala seus veículos usados até mesmo com veículos do tipo articulado – atualmente é quem mais coloca veículos deste porte em atuação no estado. Além disso, entre os anos de 2011 e 2012, 30 ônibus novos, zero quilômetro, com tecnologia de motores automatizados, que dão mais conforto aos usuários e melhoria as condições dos motoristas, também foram postos em operação. Informações não oficiais dão contas que a empresa já tem planos de fazer nova renovação com veículos novos. Com a maior frota da região metropolitana de Natal (RMN), 40 de seus carros são usados – veículos vindos do Rio de Janeiro, Sergipe, além de Pernambuco.
Trampolim renovou com veículos novos. Já entre usados, está trazendo articulados
O índice é menor em outras empresas, apesar de contarem com usados. O número mais tímido é o da menor e mais nova empresa da RMN, a Parnamirim Field, que surgiu em 2010, após um acordo entre os sócios da Trampolim da Vitória. A Field iniciou suas operações com uma parceria com a Cidade das Dunas, e, de acordo com informações não oficiais, atualmente opera em consórcio com a Dunas e a Santa Maria – que repassou dois de seus ônibus a Field. Além dos dois veículos, um terceiro, vindo de Mossoró (RN), geram o índice da Field.
Após consórcio, Field está recebendo veículos usados
Por falar em Santa Maria, a prática dos ônibus usados na RMN é a mesma de Natal: veículos já esgotados em uso no estado da Paraíba, onde a empresa também atua. Para completar a frota, carros que já rodaram em Natal também são redirecionados para as linhas metropolitanas da empresa (Nova Parnamirim e Eucaliptos). Desde que houve a divisão entre a Santa Maria urbana e metropolitana, apenas dois veículos novos chegaram até a empresa; prática semelhante feita pela ViaSul, que recebeu apenas três ônibus zero quilômetro para as linhas semiurbanas.
Santa Maria e ViaSul operam linhas semiurbanas com maioria dos carros usados
As demais empresas, Cidade das Dunas e Auto Viação Campos, mantém um bom índice de renovação com carros novos. Ambas interromperam recentemente uma sequência anual da renovação com veículos zero quilômetro, comprando carros de outros estados. São as que menos tem carros de outros estados rodando no estado.

Dados - ônibus usados por empresas:
Campos: 4
Field: 3
Via Sul: 20
Santa Maria: 6
Trampolim: 40
Oceano: 30
Barros: 21
Cidade das Dunas: 4
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Renovação com carros novos tem sido tímida |
Fotos: Ônibus Brasil
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