Foi com muita felicidade que os especialistas em transporte de Natal visualizaram imagens divulgadas, através da internet, de ônibus zero quilômetros adquiridos para o sistema de transporte de Natal por parte, inicialmente, de duas das empresas (Guanabara e Reunidas). A renovação faz parte de um acordo entre o Sindicato das Empresas de Transporte Público do Município de Natal (SETURN) e a Prefeitura do Natal (através da Secretaria de Mobilidade Urbana - STTU) para que o último aumento da tarifa pudesse entrar em vigor. No mês de junho de 2015, a tarifa aumentou de R$ 2,35 para R$ 2,65.
O acordo para o então aumento da tarifa no mês de junho previa ainda outras medidas, como o ajuste do itinerário da linha 48 (Santos Reis/Nova Descoberta), operado pela empresa Santa Maria; o aumento da frota do Circular do Campus da UFRN (linha 588), e a criação da linha 64A (que faria o trajeto Nova Natal/Petrópolis, via Ponte Newton Navarro). Até então, todas as medidas foram colocadas em prática por parte das empresas, porém nem uma dessas medidas trouxe avanços ao sistema de Natal.
- A linha 48 (Santos Reis/Nova Descoberta), tinha seu itinerário via Campus desde a década de 90. No ano de 2012, a atual empresa operadora diminuiu o itinerário da linha, a retirando do Campus Universitário e prejudicando milhares de usuários que podiam contar com a linha e deslocar do Campus para os bairros do Alecrim e o Centro da Cidade. Na prática, é como se a empresa diminuísse o trajeto existente e só o retornasse se houvesse aumento da tarifa. O poder público nada fez para mudar a situação, e se mostrou refém das empresas operadoras: precisou autorizar o aumento da tarifa para que o itinerário voltasse a seu trajeto inicial. A situação chega a ser bizarra.
- O aumento de um (01) veículo na linha 588 (Circular/Campus) não apresentou melhoras práticas na super lotação da linha (que até então contava com sete veículos). A super lotação atrelado ao péssimo planejamento de horários piora a vida de quem usa o Circular, linha que já tem histórico de dificuldades. O problema é bem maior que o demonstrado: nos últimos anos, as empresas retiraram suas linhas de dentro da Universidade para atender a demanda dos Shoppings da região. Para suprir a retirada de dezenas de veículos, foi criada a linha Circular. Obviamente, a demanda de dezenas de linhas não seria suportada por uma única linha que clama por aumento de frota semestralmente. Problema que acontece até hoje e tende a permanecer.
- O trajeto Nova Natal/Ponte Newton Navarro/Centro traria grande comodidade aos usuários de ônibus do bairro Nova Natal e adjacências, e era esperado pela comunidade há anos. A criação da linha 64A, que faria esse trajeto, iria sanar esse problema. Na hora de colocar em prática a linha, houve uma união do novo trajeto à linha 43 (Candelária/Praia do Meio). Ou seja, na prática, a linha 43 foi estendida até o conjunto Nova Natal, e nem uma linha nova foi criada. É excelente que os usuários do conjunto Nova Natal possam se deslocar diretamente para o bairro Candelária numa linha direta, mas é lamentável haver a promessa da criação de uma linha firmado num acordo, e apenas uma "gambiarra" ser colocada em prática (no caso, a extensão da linha 43, que passou a fazer terminal no Nova Natal, e ganhou a ridícula nomenclatura de "64A43"). Além disso, ainda há os graves problemas de trânsito que a linha enfrenta diariamente, e a extensão da viagem.
Além disso, há diversas questões de mérito, que para serem discutidas, devem entrar em um novo editorial, mas que podem ser aqui mencionadas, tal qual: Um novo pedido por parte do SETURN para mais um aumento de tarifa em Natal (dos atuais R$ 2,65 para R$ 3,00), até então negado pela Prefeitura, devido o acordo do último aumento ainda não ter sido colocado em prática (faltava a chegada destes novos ônibus); a palavra da Prefeitura que após o penúltimo aumento de tarifa, só haveria nova majoração após a licitação - o que não aconteceu, já que o edital não foi publicado, e não há previsão de publicação; a falta de ação da prefeitura em priorizar o transporte coletivo, com ações desde a desoneração de impostos e/ou subsídios (apesar da crise econômica afeta não só o Brasil, mas diversos países, o transporte deve sim ser motivo de prioridade, visto a essencialidade para a sociedade e fatores relacionados); o grande número de denúncias que envolvem redução irregular da frota e restrição no sistema de integração via cartão eletrônico com os alternativos; a conivência e despreparo na inibição de centenas de ônibus usados presentes no sistema de transporte de Natal, etc.
Fatalmente, a Prefeitura é a grande culpada do caos do sistema de trânsito e transporte - com culpa ainda maior a atual gestão, a frente do órgão diretamente desde o ano de 2003 (excluindo o período entre os anos de 2009 a 2012, em que houve mudança na gestão de Natal), e demonstra claramente não ter qualquer interesse no real investimento do sistema de transporte. Os novos ônibus serão muito benvindos ao nosso sistema. Porém, trazem também o medo de mais um aumento de tarifa (como já pedido pelos empresários e negado pela Prefeitura, que alegava só faltar esta parte do acordo) e disfarçam as reais necessidade de uma grande reforma e prioridade ao sistema de transporte. Felizmente ou infelizmente, muitos têm ficado felizes com essa renovação por parte das empresas.
Na prática, esses novos ônibus vão melhorar o sistema de transporte?
eu concordo com suas colocações. Há um certo problema em relação ao consumidor, que como falado no encontro, está ficando mais escasso. Um ponto chave é que grande parte da população gosta de andar de onibus, é mais economico e alivia o transito evitando o estresse de dirigir e criar mais engarrafamentos. Porém, as condições as quais os transportes se encontram não ta dando espaço e os passageiros querem cada vez mais fugir dessa dependencia. Essas não se da somente pelo ano de fabricação dos veiculos, mas no seu estado de conservação e o conforto oferecido aos passageiros. É possivel ver que várias capitais do país, inclusive nossa vizinha, Fortaleza, que estão se adaptando a atender melhor os passageiros, com onibus maiores e configuração q permite esse conforto, como ar condicionado, suspensão a ar, cadeiras poltronadas. Nesses novos torinos, não foi visto nada disso, sendo eles com espaço interno um pouco menor que os torinos 2007 que já rodam na empresa. Visto a grande lotação da zona norte, que faz com que o povo ande 'emprensados' diariamente, esse era um ponto a ser resolvido. Por outro lado, a prefeitura é a principal culpada nisso, pois dentre vários fatores que não me cabe expor, permite que seja feito qualquer coisa sem a menor exigencia, como se a melhoria do transporte fosse algo ruim que não pode ser nem pensado ou planejado, além das linhas que não tem planejamento que atenda a população nem fiscalização para ver os pontos que precisam melhorar. Isso não é feito atualmente e nem está planejado fazer na licitação, que pela vontade do prefeito só será uma permissão para que o transporte continue como está e permanessa assim por muito mais tempo.
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